Nos últimos meses, a Jaguar chamou atenção do mercado ao apresentar sua nova identidade. A marca inglesa de automóveis de luxo anunciou no fim de 2024 um reposicionamento que propõe uma nova visão de sofisticação, mais ligada à arte, à expressão individual e à tecnologia.
O centro dessa mudança é o conceito de “modernismo exuberante”, que, segundo a própria marca, busca romper com o minimalismo frio e criar carros que sejam mais do que bonitos: verdadeiras expressões de personalidade.
Mas o que realmente marcou o reposicionamento da Jaguar foi sua nova estratégia de comunicação. Mais do que falar sobre carros, a marca passou a abordar temas como diversidade, arte, urbanismo e futuro em seus comerciais. Agora, a marca também mira uma geração mais jovem, conectada a causas sociais, culturais e ambientais.
O impacto nas redes sociais não demorou a aparecer. O comercial que lançou essa nova fase trouxe personagens andróginos, uma paleta vibrante e um clima de galeria de arte, gerando cerca de 60 mil curtidas e 9 milhões de visualizações no Instagram. No entanto, boa parte desse engajamento veio de polêmicas, principalmente entre públicos mais conservadores que não se identificaram com a nova abordagem.
Com toda essa movimentação, surge a pergunta: o reposicionamento da Jaguar deu certo? Vamos analisar adiante com base nas métricas.
Taxa de engajamento no Instagram
De acordo com dados da Not Just Analytics, o perfil da Jaguar no Instagram registra em média uma taxa de engajamento de 0,31%. Não há como comparar com o período pré-reposicionamento, já que todas as publicações antigas foram removidas. No entanto, o índice atual é considerado baixo. Segundo a plataforma Modash, o esperado para grandes perfis seria em torno de 1%.
Esse desempenho pode estar relacionado ao choque inicial da mudança. O alto alcance gerado pelas campanhas foi acompanhado pela perda de parte do público que não se identificou com a nova proposta.
Perda de seguidores
Outro sinal de alerta é a perda de seguidores. Em março de 2025, o perfil da Jaguar perdeu cerca de 30 mil seguidores, segundo a Not Just Analytics. Embora flutuações sejam normais para grandes perfis, quedas consistentes podem enfraquecer a presença da marca nas redes.
Apesar disso, a Jaguar declarou que a saída de parte da base já era prevista. A expectativa é de reconstruir a audiência com novos públicos mais alinhados ao seu novo posicionamento.
Tráfego no site
O tráfego do site da marca também mostra uma queda significativa. De acordo com a Similarweb, o site da Jaguar Brasil perdeu quase 50% no volume de acessos entre janeiro e março de 2025.
A maior parte do tráfego brasileiro vem de buscas orgânicas (48%), enquanto o tráfego pago representa 28%, sugerindo um investimento ainda moderado em mídia.
Já o site global da Jaguar sofreu uma queda menor, de 6% no trimestre. Houve um recuo de 18% entre janeiro e fevereiro de 2025, seguido por um aumento de 15% entre fevereiro e março do mesmo ano, sinalizando uma possível recuperação recente.
Uma diferença importante entre os sites é o canal de origem do tráfego. Enquanto o site brasileiro depende consideravelmente de mídia paga para atrair visitantes, o site global aposta quase exclusivamente em acessos diretos e orgânicos.
Afinal, o reposicionamento da Jaguar deu certo?
Com base nos primeiros meses, é possível dizer que o reposicionamento da Jaguar enfrenta desafios. A perda de seguidores, a baixa taxa de engajamento e a queda no tráfego do site indicam que o público ainda não abraçou completamente essa nova fase da marca.
Por outro lado, sinais de recuperação no site global mostram que o movimento pode estar começando a encontrar seu caminho, especialmente fora do Brasil.
Reposicionar uma marca icônica como a Jaguar é um processo de médio a longo prazo. A conquista de novos públicos exige consistência, tempo e ajustes ao longo do percurso.
Por enquanto, a resposta para a pergunta “o reposicionamento da Jaguar deu certo?” é: ainda não totalmente, mas é cedo para concluir que não dará. A transformação é arriscada, mas necessária para marcas que desejam se manter relevantes diante das novas gerações.
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